O Berço da Igualdade?

Uma seleção francesa que desiludiu muito, tanto a nível coletivo - linhas muito recuadas e sem conseguirem ligar bem umas com as outras, sem conseguirem ter posse de bola e sem assumirem o jogo - como a nível individual com as estrelas Griezmann e Pogba a não terem estado ao nível que se espera deles, saindo os dois a meio da segunda parte. Especialmente o jogador do Atlético de Madrid que não criou oportunidades para os colegas nem aproveitou as que lhes foram oferecidas. Aliás, o homem do jogo, quer para nós como para a UEFA como para quem quer que tenha visto o jogo, foi aquele que não era apontando como titular nesta equipa, Dimitri Payet. O jogador do West Ham United foi o único que teve coerência, atrevimento e técnica suficiente para ameaçar a defesa romena, criando várias oportunidades, fazendo uma assistência e coroando a sua grande exibição com o golo que dá à França os três primeiros pontos do Euro 2016.
A França apresentou-se num 4-2-3-1 com Kanté na posição mais recuada, Rami a fazer companhia a Koschielny - devido às lesões de Varane e Mathieu, centrais titulares - e Payet no tridente de ataque, com Griezmann e Giroud. A Roménia jogou num 4-2-3-1 com a sua equipa titular À excepção de Gabriel Torje, um dos seus melhores jogadores que só entrou no jogo aos 81 minutos. Um sistema tático que não teve nada de defensivo e os jogadores romenos procuraram sempre sair para o ataque, não se rendendo à superioridade teórica do seu adversário.
E, de facto, foi a Roménia a ter o primeiro e um dos mais flagrantes lances de perigo do jogo, com um cruzamento venenoso e um remate à queima-roupa que Lloris consegue defender. O resto da primeira parte foi maioritariamente mal jogada, com a França a não conseguir sair organizada mas ao mesmo tempo com uma Roménia que arriscou em demasia e que não se mostrou tão sólida a nível defensivo como o seu recorde de apenas 2 golos sofridos em 10 jogos de qualificação faria prever. Alguns lances de perigo para um lado e para o outro, especialmente a partir dos dois grandes criativos do jogo, Payet do lado francês, Stanciu do lado romeno sem grande aproveitamento, quer de Griezman, Girou ou Stancu. Na primeira parte fica um penalti por assinalar com falta de Koschielny sobre Stanciu.
Na segunda parte foi mais do mesmo. Pouca coerência e consistência no ataque francês e com a Roménia a apostar na recuperação de bola agressiva e à queima que resultava em espaços para o lado francês que aproveitava mal. O golo vem da única forma possível, de bola parada, com Payet a cruzar para a grande área e o guarda-redes romeno Tatarusanu a sair muito mal, deixando a baliza aberta para o cabeceamento de Olivier Giroud. Fica a dúvida da legalidade do golo, já que Giroud parece afastar com o braço Tatarusanu e faz com que o guarda-redes falhe a sua entrada para a bola.
A Roménia reagiu bem ao golo sofrido e assumiu mais no ataque sendo recompensada logo 5 minutos depois com um penalti bem assinalado que Bogdan Stancu aproveita da melhor maneira. A faltar 30 minutos para o fim do jogo, Didier Deschamps mexe no jogo, fazendo entrar dois dos jovens à sua disposição e de quem se espera muito neste Euro, Martial do Man. Utd. e Coman do Bayern Munique, apostando mais no ataque mas mantendo mais ou menos o mesmo sistema tático que fica a impressão ser o único que esta seleção gaulesa tem treinado de forma efetiva. Assim, mantendo Matuidi e Kanté - jogador do Leicester que teve uma boa exibição, especialmente na segunda parte - à frente da linha defensiva, mete Payet no meio, lugar de Pogba que saiu aos 76 minutos, com Martial e Coman a extremos e Giroud na frente de ataque.
E é assim que chega ao golo da vitória com um remate forte e colocado de Payet após assistência de Kanté. Vitória da França no seu jogo inaugural que continua a deixar muitas dúvidas relativamente à possível candidatura dos gauleses ao Euro que acolhem com uma construção de jogo muito deficiente e com as estrelas da equipa a jogarem vários furos abaixo do nível que se espera deles. Dúvidas não existem relativamente à proteção dos árbitros à equipa da casa com um penalti para assinalar para a Roménia e um golo da França que devia ter sido anulado. Já estávamos a prever mas continua a ser muito triste ver no palco tão grande do futebol europeu...
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