O problema táctico do Sporting
Texto muito bom do Pedro Bouças do Lateral Esquerdo (AQUI)Nem sempre triunfou no final de cada época. Porém, é inegável que Jorge Jesus liderou sempre equipas com um futebol ofensivamente apaixonante ao longo dos últimos sete anos.
Foram épocas a fio a ultrapassar a barreira dos cem golos. Épocas inteiras com criação de jogo ofensivo quase sem igual. Combinações, ligações, e caminhos para chegar às oportunidades que sempre se sucederam a um ritmo frenético nas suas equipas.
2016 / 2017 traz por agora, a pior versão de uma equipa do treinador leonino. O próprio já o referenciou pós partida com o Feirense quando mencionou a falta de ligação que o seu goleador tem com a equipa, e quando referiu viver tempos diferentes por depender de um único jogador para finalizar as suas jogadas.
"Para corrigir seriamente um defeito, primeiro há que sofrer as suas consequências" afirmava Martí Perarnau no mais recente livro sobre Guardiola.
No seu modelo de jogo em Alvalade, parece viver algo semelhante. O muito sucesso que Bas Dost vai tendo a finalizar após cruzamentos, parece toldar as decisões de toda a equipa. Hoje, uma equipa totalmente virada para explorar os corredores laterais. Não só perdeu jogo interior, como no próprio corredor lateral, não trabalha cada lance. Raramente traz um terceiro elemento para garantir superioridade e sair em vantagem e em condução com a bola na direcção da baliza adversária. Tudo surge demasiado simples, nada elaborado. Bola no extremo, envolvimento do lateral e em dois contra dois, drible e cruzamento a todo o instante. Deixou a equipa de Jesus de ser uma equipa que joga com o envolvimento, que tem armas e combinações para cada espaço para se tornar numa equipa tão à moda de anos idos, em que cada jogador tem apenas uma ou duas funções específicas, não se ligando à equipa.
Os treze golos nos últimos doze jogos, quase todos por Bas Dost a responder a cruzamentos são um 'sucesso' que parece condicionar as decisões e ligações da equipa para procurar caminhos alternativos e perder a previsibilidade.
Pela primeira vez nas últimas oito épocas uma equipa de Jesus chega à décima sétima jornada com menos de trinta golos somados. Tal marca não se pode dissociar das dificuldades que o próprio treinador já referenciou publicamente estar a sentir para ligar o jogo ofensivo da sua equipa. Jorge Jesus nas conferências demonstra perceber o caminho que a sua equipa leva. Será capaz de com as actuais características dos seus jogadores voltar a moldar uma equipa à sua imagem? Da mudança dependem as aspirações do Sporting.
Não mudou posicionalmente a equipa de Jesus. São as decisões com bola pelo perfil dos jogadores que estão diferentes. Construção com saída a três pelo baixar de William para a entre centrais; Adrien nas costas da primeira linha adversária; laterais a ofertarem profundidade e largura; extremos dentro
Saída pelo corredor lateral onde momentaneamente aproxima três elementos, com possibilidade de chegada de Esgaio, para poder trabalhar o lance e posteriormente sair em vantagem para o espaço central…
...porém, assim que a bola entra em Gelson, Dost afasta-se do lance,
e prepara ataque à zona de finalização. Gelson em inferioridade
prepara-se para sem ligações inventar no individual e procurar servir o
ponta de lança
2 comentários:
Há muito que sigo o Pedro Bouças e o seu blog. A própria BTV já o convidou para algumas análises mais independentes e só tem a ganhar com isso.
17 de janeiro de 2017 às 14:59Pois.
17 de janeiro de 2017 às 16:33É um problema do tipo "quem dera a muitos", ter um jogador predominante nos golos marcados e que que condiciona a forma de jogar da equipa.
Problema é quando não se marcam golos.
Ou quando esse avançado não pode jogar por se lesionar ou ser castigado.
Quando um avançado marca 2 golos por jogo e mesmo assim não se ganham os jogos, o verdadeiro problema não é do avançado.
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