O fim da Premier League como a conhecemos
Nova época quase a arrancar, temporada que começa com a sombra da supremacia das equipas inglesas que venceram as grandes competições europeias de 2018/19 e fizeram o pleno das 4 vagas das finais da UEFA.
A pergunta que faço é: que implicações terá o Brexit (confirmado pelo novo Primeiro Ministro Britânico) nesta hegemonia dos gigantes ingleses?
«A enorme indefinição quanto ao acordo que levará à saída do Reino Unido da União Europeia, que tem vindo a ser constantemente adiada, está a ter fortes repercussões também no futebol inglês, com especial ênfase no mais mediático campeonato de futebol do Mundo.
As posições são claras e provocam divisão: de um lado está a Federação, que pretende usar o Brexit como colete à prova de balas para avançar com uma reestruturação no futebol inglês, restringindo o número de jogadores estrangeiros (dos 17 atuais para 12) com a perspetiva de oferecer mais oportunidades aos futebolistas nascidos em terras de Sua Majestade, o que, alegadamente, beneficiaria as diversas seleções do país; e do outro surge a Liga inglesa (Premier League), que tenta a todo o custo evitar essa situação, não só devido a uma perspetiva financeira, que certamente tem um enorme peso na tomada desta posição, mas também com o argumento de que o jogador inglês não beneficiaria com a redução dos jogadores estrangeiros nos diversos clubes, e até sairá prejudicado, pois deixaria de competir todas as semanas com e contra os melhores futebolistas do Mundo.
Em 2016, a BBC calculou que 332 jogadores que atuavam nas duas principais divisões do futebol inglês e escocês não cumpririam os requisitos se fossem aplicadas as regras para cidadãos que não pertencem à UE.
Com o Brexit, a Premier League também ficaria impossibilitada de contratar jogadores menores de idade, a não ser que o Reino Unido continue a pertencer ao Espaço Económico Europeu (EEE), o que está praticamente posto de lado.
A FIFA proíbe as contratações de jogadores menores de 18 anos, com excepção das movimentações dentro do EEE, o que permitiu a jogadores como o espanhol Cesc Fábregas ou o francês Paul Pogba de serem contratados por clubes ingleses quando tinham 16 anos.
Certo é que o debate está lançado, apesar da falta de esclarecimentos. Neste momento, as implicações que o Brexit terá no futebol inglês são impossíveis de prever, mas a opinião generalizada garante que não serão tão profundas quanto noutras áreas da sociedade, até porque o desporto-rei vive dias de glória ao nível da FIFA - a seleção conseguiu um terceiro lugar no Mundial da Rússia, o melhor resultado desde o título de 1966 - e UEFA.
Investidores atentos
Mesmo num plano administrativo, os clubes ingleses "vivem" suportados por investidores estrangeiros e têm acordos televisivos de valores elevadíssimos que, na eventualidade de virem a perder a escala global na constituição dos diversos planteis, podem baixar consideravelmente, o que prejudicaria as finanças do país, devido aos encaixes feitos nos impostos. Aqui poderá estar a prova de que o futebol e a política andam cada vez mais de mãos dadas.
A verdade é que o desinvestimento já se nota devido a todas as indefinições relacionadas com o Brexit. Em 2018/19, os 20 clubes da Premier League gastaram 1600 milhões de euros em transferências, abaixo do que foi despendido na época anterior, na ordem 2214 milhões. Mais um sinal de que o Brexit está a provocar um terramoto no futebol inglês.»
Fragilidade da libra esterlina faz-se sentir no mercado
O valor da libra esterlina tem vindo a cair desde o resultado do referendo realizado em 2016, o que torna as transferências pagas pelos clubes ingleses muito mais caras.
A consultoria Deloitte, especialista em finanças do futebol, apontou a fragilidade da libra como um factor que contribuiu para que o Manchester United, durante anos o clube mais rico do mundo, caísse no ranking da 'Football Money League', sendo superado pelos gigantes espanhóis Barcelona e Real Madrid.
Brexit pode significar quebra na bilheteira e mershandising
Apesar dos lucrativos contratos televisivos no estrangeiro, o sucesso da Premier League está relacionado diretamente com o crescimento da economia britânica.
Já há quem teme uma desvalorização dos direitos de transmissão televisiva da Premier League a nível interno, com as emissoras a pagarem menos dinheiro no período 2019-2022 do que desembolsaram no triénio anterior.
É difícil prever a evolução da economia, mas se o Brexit afetar o bolso dos britânicos, os clubes poderiam sofrer grandes perdas bilheteira e merchandising.
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