"Vamos lá pôr os pontos nos is acerca da AG de ontem. Por factos:
A AG decorreu com relativa normalidade e fluidez. À entrada, a única identificação pedida foi o cartão, que como não tem a fotografia do sócio, deu ao seu portador a capacidade de participar e de votar na Assembleia do clube. Se o Red Pass é - e bem - pessoal mas transmissível, o cartão de sócio não o deveria ser para assuntos relativos à gestão do clube.
Os trabalhos começaram com a apresentação do VP Nuno Gaioso, que durante 40 minutos resumiu, com o apoio de um PowerPoint cheio de texto e com tamanho de letra pequeno, as contas do clube. O volume do microfone era baixo e os sócios, cerca de 700 que ocupavam as cadeiras no piso do pavilhão e uma das bancadas, ouviram sem interrupções.
Aberto o primeiro período de questões, apenas 3 ou 4 sócios fizeram perguntas, mais ou menos pertinentes, que logo foram respondidas. Tudo sereno.
Seguiu-se a votação. Contas aprovadas com 78% de votos a favor.
LFV discursou pela primeira vez. Disse o expectável, já com o volume dos microfones a um nível mais aceitável. Os sócios ouviram, alguns assobiaram e outros bateram palmas. Normal.
Abriu-se o período de inscrições para debate de outros assuntos, tendo 23 sócios pedido a palavra.
As intervenções sucederam-se a bom ritmo, todos puderam dizer o que quiseram. Em comum, o tom crítico ao rumo do clube, à falta de ambição da equipa de futebol, à cada vez mais fraca experiência no Estádio e, claro, ao destino dado aos resultados financeiros do clube. O nome Jorge Mendes foi várias vezes mencionado, as comissões e eventuais interesses pessoais destacados acima dos do clube. Apesar das duras críticas, o tom sarcástico e humorado muitas vezes utilizado por alguns intervenientes acabaram por manter o ambiente entre os sócios relativamente calmo.
Para além das "críticas do costume", tantas vezes debatidas aqui no fórum e que os sócios que subiram ao palanque fizeram questão de mencionar (pedras da calçada, fábrica de jogadores para os outros, Europa como montra, subjugação a interesses de terceiros, alteração do símbolo, speaker, má comunicação do clube interna e externa) destaco ainda a intervenção de dois sócios relativamente às modalidades do clube. Um falou da bilhetica e dos preços, propondo um novo sistema de RedPass modalidades que entregou em mãos à Direcção e um outro que se mostrou muito crítico pela falta de investimento e consequentemente de títulos nas nossas modalidades.
Voltando às críticas e ao sarcasmo utilizados com frequência, deixo o exemplo do sócio que sugeriu "a criação de um RedPass Total, que desse para ver os jogos do Benfica, do Wolverhampton, do Mónaco, etc...". Corrosivo, mas bem humorado.
Até que chegou a vez de um sócio que, sem discurso ensaiado e a falar de cor, questionou o benfiquismo desprovido de interesses da Direcção. Mais uma vez em tom sarcástico, questionou a idoneidade do presidente e a opacidade de alguns negócios do Benfica. Subiu de tom e deixou no ar várias dúvidas, sem ultrapassar os limites nem utilizar linguagem ofensiva.
Até que LFV, depois de lhe dirigir impropérios, se levantou da mesa e foi na sua direcção de dedo em riste. Ao aproximar-se do sócio em cima do palanque, e sem reacção deste, agarrou-o pelos colarinhos e abanou-o enquanto gritava e continuava de dedo em riste. Acto contínuo, dirigiu-se para a bancada - onde estavam a maior parte dos seus críticos e as "vias de facto" quase chegaram.
Depois de vários minutos de troca de insultos e pedidos de demissão, foi exigido que o sócio terminasse a sua intervenção. Visivelmente abalado, o sócio voltou ao palanque, pediu desculpa aos presentes pelo transtorno que teria causado e voltou a tocar no tema "opacidade da gestão".
Seguiram-se meia dúzia de intervenções que, depois do que se passou, passaram praticamente ao lado. Este período de voz aos sócios terminou com uma das poucas intervenções de apoio e agradecimento à direcção (talvez 2 em 23), por um sócio mais antigo.
Seguiu-se novamente LFV, que chamou ao palanque o sócio para ir lá dizer-lhe aquilo que tinha dito e dar um exemplo do que achava pouco claro. O sócio foi e deu como exemplo o não sabermos qual a percentagem dos passes dos jogadores que são realmente do Benfica. LFV responde que 99,9999% são do clube e prosseguiu com duas mensagens: a primeira, que não entendia como é que só 78% dos sócios votaram a favor das melhores contas de sempre do clube; e a segunda, com a qual fechou a intervenção e a Assembleia, que não houve até hoje nenhum presidente do Benfica melhor do que ele próprio.
Fiz questão de seguir o sócio que foi abusado - acho a palavra certa, mais do que agredido - até sair do Estádio e assegurar que não seria apertado por ninguém, nomeadamente algum dos "seguranças à paisana" (passe o eufemismo) que saltaram aquando do momento de total loucura do LFV.
Saiu do estádio rodeado por 5 ou 6 amigos e sem problemas.
Texto escrito por EvoLoreno no Fórum SerBenfiquista