Bruno Lage e o Clássico
Este sábado é dia de estreia para si e para a sua equipa técnica num clássico no Estádio da Luz. Que resposta gostava de ver o Benfica dar?
Gostava de assistir a um grande jogo de futebol à semelhança do que foi o FC Porto-Benfica para a Taça da Liga e o FC Porto-Benfica para o Campeonato [na época passada]. Foram dois jogos excecionais! Uma vitória do FC Porto, uma vitória do Benfica, mas saliento a qualidade de jogo e tudo aquilo que se passou, antes, durante e após o jogo, de grande elevação para o futebol nacional.
Na antevisão desta partida, o treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, disse que o Benfica tem o melhor plantel dos últimos anos. Qual é a sua maior preocupação quanto a este FC Porto?
O melhor plantel... no ano passado tínhamos. Acredito nisso, que o melhor é o que vence. Este ano ainda estamos a começar, vamos agora caminhar para a 3.ª jornada... Se chegarmos ao fim e vencermos, concordo com Sérgio Conceição, porque acredito que o melhor plantel é aquele que vence. Se hoje nos sentimos fortes como equipa e plantel, também não podemos esquecer o que era um passado recente, em que um treinador que cá estava optava por jogar Rodrigo ou Lima, Witsel ou Aimar... Estou completamente satisfeito com o nosso plantel, mas em todos os momentos temos de dar boas respostas. Olhar para o FC Porto é olhar para toda a sua qualidade. Nunca analiso um jogo em função de um resultado, mas sim da qualidade. Nestes quatro jogos, como nós, o FC Porto tem coisas boas e coisas menos boas. Acredito que do outro lado seja isto que esteja em mente: ter cuidados com o que fazemos de bom em termos coletivos e tentar aproveitar aspetos que ainda não estão tão bem trabalhados. Vejo uma equipa forte, determinada, com enorme organização coletiva e valores individuais muito fortes.
Concorda que Rafa tem sofrido faltas excessivas? O treinador do FC Porto considera que os jogadores que fazem a diferença são sempre alvo de maior atenção, mas disse que vai olhar para o Benfica enquanto coletivo, focando-se menos em jogadores em particular...
Tenho de concordar com Sérgio Conceição numa coisa, e por vezes isto também serve um bocadinho de reflexão para vós: as perguntas sempre no individual e depois dois treinadores a olhar mais para as questões coletivas. Completamente de acordo com isso. Sobre a questão do Rafa e dos valores individuais de uma equipa ou de outra: gosto de ver arbitragens à inglesa. E não estamos aqui a olhar para o Rafa. Seja o Rafa ou o Díaz, quando um jogador dribla um adversário e é travado em falta, tem de haver cartão amarelo, na minha opinião. Se queremos privilegiar o futebol ofensivo, um jogador qualquer que drible e depois seja parado em falta, isso tem de ser punido com cartão amarelo. Contra ou a favor do Benfica. Se o árbitro avisa à primeira, à segunda, à terceira... isso enerva de um lado e do outro. Se na primeira falta destas sai um cartão amarelo para qualquer dos lados, um bom árbitro agarra logo o jogo, e os próprios jogadores vão perceber que não podem travar os adversários em falta pela sua qualidade individual.
Raul de Tomas ainda não marcou golos. Chiquinho, por outro lado, tem merecido elogios. Pode ser uma ameaça para RDT e um par perfeito para Seferovic?
Isso é o que eu ando a dizer desde o início da época: eu quero é ameaças para toda a gente! E não sou o único treinador a dizê-lo. Queremos um plantel competitivo. A competitividade é que faz crescer. Sobre o Raul ou outro jogador marcar ou não marcar golos: lá está, é a questão individual, não estamos a olhar muito para o coletivo, e coletivamente sentimos que criamos muitas oportunidades e temos marcado muitos golos.
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Vou falar dos nossos dois avançados, pelo facto de ainda não terem feito golos. Não tem qualquer problema. Foi a primeira coisa que lhes disse hoje. Não lhes vou pedir para marcar golos, mas quando deixarem de correr... não têm hipótese. Todos os avançados passam por isso. Ainda na época passada estive aqui a falar sobre o João Félix, que estava há dois jogos sem marcar e depois teve uma resposta fantástica e fez um hat-trick [na Liga Europa, frente ao Eintracht Frankfurt, no Estádio da Luz]. Sobre este tema recordo-me sempre das palavras do míster Nené. Toda a gente o conhece, foi um dos melhores marcadores do Benfica e também passou por isso. Ele dizia-me que quando não marcava golos também sofria pressão e a sua resposta era correr, sempre correr mais do que os adversários e do que os colegas que quisessem conquistar um lugar, porque assim, quando surgisse a oportunidade, ele fazia o que fez sempre, que era marcar golos. O mais importante é termos consciência dos homens que temos cá em casa. Tivemos três jogos, marcámos 12 golos, mas a questão individual vem sempre à baila. Nesta sequência de 20/21 jogos de campeonato, vencemos duas vezes por 1-0: uma em casa do V. Guimarães, outra em casa com o Tondela. Sabem quem marcou? Seferovic! E sempre a sair do banco. Por isso, duas coisas: espero que o Seferovic e o Raul tenham essa consciência de que quando os colegas não marcarem, eles consigam marcar e dar-nos a vitória; Seferovic, Raul e todos os avançados são importantes para a equipa e não precisam de começar no onze inicial.
O Benfica pode igualar a melhor série de vitórias no arranque do Campeonato. É mais uma meta que quer alcançar?
A única preocupação é vencermos o nosso jogo. Não me interessa esse tipo de recordes. Acredito muito é que ninguém perde nada à 3.ª jornada. E um bom exemplo disso é o que fizemos na época passada. Neste momento o mais importante é termos consciência do trabalho que temos de fazer e prepararmo-nos para vencer. O resto passa-nos ao lado.
Se perder, o FC Porto fica com seis pontos de atraso para o Benfica. O facto leva este clássico para outra dimensão no que à luta pelo primeiro lugar diz respeito?
Respondi na pergunta anterior... É olhar para o exemplo da época passada. Quando cá cheguei estávamos a sete pontos do primeiro lugar. O que é que diziam de nós nessa altura? Que tínhamos perdido o campeonato, que não havia hipótese, ainda por cima tendo sido o treinador da B a assumir a equipa principal. E acabámos por vencer! Independentemente da distância pontual a seguir ao jogo, nada fica decidido à 3.ª jornada.
O treinador do FC Porto tem feito algumas variações táticas na equipa. Como é que o Benfica se preparou para os sistemas do adversário?
Primeiro, não podemos fugir das características de cada um dos nossos jogadores. Há um ou outro que tem uma transição defensiva muito mais forte, e isso temos de ajustar e adaptar em função do adversário. E o outro momento é este: quando perdermos a bola, temos de estar no sítio certo, com gente preparada, atrás da linha da bola, para que o adversário não tenha tempo par pensar e solicitar os seus avançados, e que esses homens da frente tenham uma vigilância mais apertada. Se o FC Porto jogar em 4x4x2, o nosso equilíbrio será feito de uma maneira, e se jogar com um dos alas numa zona mais interior, o equilíbrio será feito de outra forma.
Sente que, nesta fase, o FC Porto está mais pressionado para vencer do que o Benfica?
Nenhuma das equipas vai olhar para a tabela classificativa ou para os pontos. A grande preocupação, de um lado e do outro, é vencer. Nós, independentemente do percurso que fizemos até aqui, e a jogar em casa, também não estamos pressionados para vencer? Estamos. Ambas as equipas estão pressionadas e, creio eu, motivadas para ganhar o jogo.
Considera arriscado jogar com um lateral-esquerdo adaptado à direita contra um rival como o FC Porto, até pelo facto de nesse corredor o adversário ter Alex Telles e Luis Díaz?
É o mesmo risco que colocar um ala a lateral-direito. É raro ver um lateral-esquerdo a jogar na direita, mas também pode trazer vantagens, como aquele golo que o Nuno Tavares marcou ao Paços de Ferreira. Se calhar, o maior risco foi colocar um jovem com apenas meia dúzia de jogos na II Liga a jogar uma Supertaça e a iniciar o Campeonato. Mas como conhecemos bem a qualidade do Nuno, não foi assim um risco tão grande.
Vê assim tantas diferenças no FC Porto para aquele que enfrentou e venceu, há uns meses, no Dragão?
Curiosamente não vejo, porque a questão coletiva está presente. Vejo que o Díaz é um jogador que também procura o espaço interior. Parecido com o Brahimi, mas diferente, porque este aparecia a jogar à frente do nosso bloco, dos nossos médios, enquanto Díaz segura-se mais entre linhas e ataca muito as costas do central. Essa é, eventualmente, a grande diferença. A força e a dinâmica do coletivo estão bem presentes.
Estamos a uma semana do encerramento do mercado de transferências. Este jogo pode ser decisivo quanto a alguma decisão sobre o reforço do plantel?
Não! E aproveito para informar que, após o fecho do mercado, terei todo o gosto em responder a todas as perguntas e esclarecer muita coisa, de forma aberta, também para que os nossos adeptos percebam aquilo que realmente acontece. A avaliação nunca é num jogo, é diária, no treino e no jogo.
5 comentários:
so nao concordo muito na questao dos avançados como disse di stefano a obrigaçao dos avançados e marcar golos
23 de agosto de 2019 às 23:28correr muito? johan cruyff disse no futebol nao precisa correr muito tem que usar o cerebro e estar no sitio certo a hora certa nem mais cedo nem mais tarde desculpa fura redes
24 de agosto de 2019 às 00:06Embrulhem corruptos toupeirenses. Cagoes e fanfarroes.
24 de agosto de 2019 às 21:28O Benfica foi nitidamente prejudicado pelo árbitro. Estou em querer que este ano não deixam o Benfica ser campeão. A nação benfiquista tem de denunciar a situação.
24 de agosto de 2019 às 21:33prejudicado? não vi nada disso
25 de agosto de 2019 às 10:56Enviar um comentário
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