O Tempo Passa, a Itália Fica...
O Fura-Redes a acompanhar a fase final do Euro 2016 em França. Analisamos de seguida o Grupo E onde se encontravam a Itália, a Bélgica, a República da Irlanda e a Suécia. Um grupo em que a Itália provou aos seus adeptos, aos média e ao mundo que continua a ser um forte candidato ao título europeu, por muitas críticas que lhe dirijam. A Bélgica fica assim em 2º lugar, decepcionando um pouco mas pior ficou a Suécia com Ibrahimovic a despedir-se cedo do seu último campeonato europeu de futebol.A Itália é capaz de ser a única seleção mundial que, após mais de 60 anos, continua a praticar o mesmo estilo de jogo com o mesmo sistema tático do 3-5-2. Não desiste do futebol que é chamado por muitos de aborrecido e que provoca resultados "pouco merecidos" mas, quando continua a ser tão efetivo, poucas razões há para mudar. Baseamos a nossa admiração no jogo contra a Bélgica pois a Suécia não tem tantos argumentos e, no jogo contra a República da Irlanda, a Itália sabia estar desde já apurada em 1º lugar (sem poder fugir a um confronto épico contra a Espanha nos oitavos-de-final). A Bélgica era claramente o adversário mais perigoso para o eventual domínio italiano, facto que provaram tanto no próprio frente-a-frente entre os números 2 e 12 do ranking mundial da Fifa, como, e especialmente, nos jogos contra a Irlanda e contra a Suécia. No entanto, o estilo de jogo em que a bola e o espaço são dados ao adversário para permitir contra-ataques rápidos pelas alas ou bolas lançadas nas costas da defesa foi super efetivo contra a Bélgica e selou assim o primeiro lugar do grupo E para a Itália. Embora o percurso para a Itália seja difícil, a começar já pela campeã europeia em título, e haja algumas favoritas ao título final, a Itália tem motivos para estar contente e confiante já que está a jogar a um nível muito semelhante ou superior (embora com estilos completamente opostos) em comparação com a Espanha, França e Alemanha.
A outra equipa que se qualificou neste Grupo E foi a Bélgica. A seleção que muitos dizem ser uma das não-favoritas a poderem causar sérias surpresas, ficou em 2º lugar e, como Portugal, na metade teoricamente mais fraca da fase a eliminar. Fez três boas exibições, sendo que no seu primeiro jogo perdeu para a estratégia e tática italianas e no último teve outra vez alguns problemas na finalização e na organização defensiva. Se talento também não falta à seleção belga, alguns jogadores que têm criado altas expetativas pelas boas épocas conseguidas, ainda não apareceram de forma determinante nesta equipa, os maiores exemplos são De Bruyne e Mertens. Hazard, Lukaku e Ferreira Carrasco são outros que terão de demonstrar mais se a Bélgica quiser chegar o mais longe possível. Entretanto e especialmente nos dois últimos jogos, Nainggolan e Witsel têm se mostrado a óptimo nível no meio-campo belga e portas poderão abrir-se depois deste Euro 2016 em clubes de maior reputação que a Roma e o Zenit respectivamente. A Bélgica parece ter sofrido muito com o futebol mais fechado e direto que todos os seus adversários no grupo praticam e a má notícia é que o seu próximo adversário é a Hungria, que não só pratica o mesmo estilo mas como ficou em 1º lugar do grupo F e está empatada em 1º lugar como o melhor ataque deste Euro 2016.
A República da Irlanda não quis ser a única equipa das Ilhas Bretãs, presentes nesta fase final do Euro 2016 (falta apenas a Escócia) a ficar para trás nesta fase de grupos e apurou-se em 3º lugar tendo feito 4 pontos graças a um empate esforçado contra a Suécia e a uma vitória nos últimos minutos de uma Itália em poupança (entre os muitos jogadores não usados, encontrava-se a lenda viva Buffon). A República da Irlanda terá de agradecer muito ao experiente Wes Hoolahan, jogador de 34 anos do Norwich que já tem uma assistência e um golo e tem compensado a falta de criatividade e eficácia dos seus avançados. É o seu companheiro de equipa do Norwich, Robbie Brady que fica como o herói do apuramento para os oitavos-de-final mas Hoolahan tem sido mais consistente e deverá ser titular no jogo contra a anfitriã França. Não esperamos grande coisa desta República da Irlanda, especialmente no jogo contra os gauleses que jogam em casa e têm muito mais qualidade e talento à sua disposição.
A Suécia ficou em 4º lugar do Grupo E e está assim eliminada do Euro 2016. Tem de ser visto como uma desilusão pois o talento que têm - não falamos apenas de Ibrahimovic - deveria ter sido suficiente para pelo menos conseguirem uma vitória contra a República da Irlanda e lutado por ser um dos melhores 3os. Não o fizeram e também não conseguiram evitar as derrotas contra a Bélgica e a Itália. Ibrahimovic será, muito à semelhança de Cristiano Ronaldo, o 1º a ser culpado e quem verá mais responsabilidades a serem-lhe atribuidas mas, por muito mais que se esperava que o avançado sueco que jogava em França, onde joga pelo PSG, marcasse pelo menos um golo, não é apenas por ele que a Suécia teve esta má prestação no Euro 2016. Tanto Marcus Berg como John Guidetti e o próprio Sebastian Larsson fizeram más exibições e o próprio selecionador insistiu na mesma forma de jogar e no mesmo sistema tático mesmo com os consecutivos maus resultados. Teremos de esperar para ver mas sendo certamente o último Campeonato internacional para Ibrahimovic e muito provavelmente para outras duas referências suecas - Kallstrom e Isasksson - podemos prever tempos algo turbulentos para esta seleção nórdica na procura de outras referências e de jovens talentos para preencher os grandes vazios deixados.
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