Uma Estreia de Sonho
O Fura-Redes a acompanhar todos os jogos do Euro 2016. Agora no jogo inaugural do grupo B - País de Gales vs. Eslováquia -, grupo que é recheado de talento e do qual se esperam jogos muito competitivos e futebol de qualidade. Um jogo que se esperava ser dos primeiros a ser renhido e entusiasmante e foi isso que se verificou com uma vitória do País de Gales sobre a Eslováquia. Ênfase também para o facto que tanto o País de Gales como a Eslováquia (enquanto nação independente) fazerem a sua estreia numa fase final de um Euro.O País de Gales a apresentar-se num 3-5-2, sistema que começou a ser usado a
meio da fase de qualificação e que, em conjunto com os golos de Bale, foi o factor determinante para o apuramento. 3-5-2 com os três experientes centrais atrás, Taylor na esquerda e Gunter na direita a fazerem toda a ala, quer a defender quer a atacar, Ramsey, Edwards e Allen no meio-campo e Jonathan Williams a fazer companhia a Gareth Bale como jogadores mais avançados. Sistema tático surpreendente visto que se esperava uma formação e um jogo mais defensivo do País de Gales, esperando oportunidades para a capacidade criativa de Ramsey e a velocidade de Bale. Surpresa também pelas escolhas de Ward, Edwards e Williams para o onze titular pelo selecionador galês Coleman que deixa Hennessey (o guarda-redes totalista na fase de qualificação), Ledley, Vokes e Robson-Kanu no banco.
Do outro lado, menos surpresas para uma equipa Eslovaca que tinha ganho num amigável 3-1 contra a Alemanha. Alinhou com um 4-5-1 que funcionou como 4-2-3-1 a atacar, com Hrsovosky e Kucka como médios mais defensivos e de conteção, Hamsik como médio criativo atrás de Duris e Robert Mak e Vladimir Weiss como extremos, apoiando o único avançado e dependendo dos laterais Pekarik na direita e Svento na esquerda para aguentar defensivamente as alas. Surpresa pela escolha de Svento em vez de Gyomber para lateral esquerdo, Hrosovsky por Pecovsky e Mak e Duris em vez do extremo Stoch e do avançado Nemec.
O jogo a arrancar da melhor forma com uma grande arrancada da estrela eslovaca Marek Hamsik que ultrapassa três jogadores galeses e vê o golo a ser negado pelo defesa Ben Davies que faz um corte salvador. A Eslováquia que consegue contrariar as jogadas pelas alas, especialmente pela descida de Mak e de Weiss e o acompanhamento que fazem aos alas galeses. O País de Gales que no entanto consegue arranjar espaço na zona central através do bom entendimento entre Ramsey e Joe Allen e que aos 10 minutos chega ao golo. É assinalado um livre perigoso à entrada da grande àrea, depois de falta de Hrosovsky, que Gareth Bale aproveita da melhor forma com o guarda-redes eslovaco Kozacik a não conseguir ver a bola partir e a ser batido pelo efeito da bola batida pelo mágico do Real Madrid.
A Eslováquia a sentir o golo e a sentir falta de outro médio que construa o jogo que não Marek Hamsik, sendo que especialmente Hrosovsky a limitar-se a tarefas defensivas e a sentir negativamente a titularidade e a Kucka a não conseguir bola suficiente para apoiar efetivamente Hamsik e o tridente ofensivo. Jogo que se disputou, à semelhança dos dois anteriores, de forma agressiva a meio-campo com o desejo de recuperar a bola o mais rápido possível por parte das duas equipas. Grande mérito para a linha média de 5 jogadores do País de Gales que consegue ao mesmo tempo impedir a construção de jogo da Eslováquia como também sair de forma organizada e com velocidade para o ataque. Últimos minutos do primeiro tempo que viu a Eslováquia a conseguir atacar mais e a empurrar o País de Gales para a sua grande área mas a continuar sem grande clarividência e com pouca qualidade na execução, especialmente da parte de Weiss e de Duris.
Uma primeira parte decepcionante da Eslováquia com o selecionador Kozak a precisar de fazer mudanças ao intervalo, quer na forma de substituição de jogadores ou na mudança do sistema tático, passando a assumir um 4-1-2-1-2 em losango com Hrosovsky a continuar mais recuado, Kucka a passar para a direita, Weiss na esquerda e Hamisk atrás de Duris e Mak que passa para a posição que lhe é familiar, avançado. Do lado galês, é preciso continuar a fazer a mesma coisa sem necessidade de mudanças. Sobretudo é preciso continuar com a excelente disciplina tática e com a grande disponibilidade física demonstrada pelos seus jogadores até agora. Arbitragem que fica manchada por um lance polémico com Skrtel a atingir a cara de Jonathan Williams com o cotovelo na grande área eslovaca, situação merecedora de sanção disciplinar e grande penalidade que deixaria o país de gales em situação muito favorável para o segundo tempo.
A segunda parte a começar sem alterações e com o País de Gales a continuar em cima no jogo, a abordá-lo com a mesma fome e vontade que mostrou no primeiro tempo e que teve como recompensa o golo de Bale. A Eslováquia, mesmo com Hamsik mais atrás, ao lado de Kucka a tentar ter bola, sem capacidade de criar oportunidades até ao minuto 54 com Mak a desaproveitar o bom passe de Weiss com um remate para o 3o anel. Logo depois, Joe Allen a responder com um bom remate de cabeça após cruzamento de Bale, para defesa complicada de Kuzacik.
Nemec e Duda, que se esperavam ser titulares, a entrarem aos 60 minutos por Hrosovsky e Duris, ambos com exibições negativas e, Ondrej Duda a faturar logo 30 segundos depois de entrar, com um remate forte numa zona que é normalmente ocupada por Hamsik. O Fura-Redes não é profeta mas Duda e Nemec, que pusemos como titulares, sem a equipa ter que mudar de tática, serviram como completos catalistas para a seleção eslovaca com muito mais capacidade criativa e jogo construido de forma mais efetiva a meio-campo. Também a assinalar uma notável subida de forma de Weiss e à decrescente capacidade física do meio-campo do País de Gales.
O País de Gales que passa a defender o empate, quer por incapacidade própria, quer por escolha tática e a dar a bola à Eslováquia com o selecionador Coleman, a tirar Edwards e Jonathan Williams para fazer entrar dois jogadores que eram previsíveis titulares, Ledley e Robson-Kanu, sem mudar nada a nível tático, à semelhança do selecionador eslovaco. É a partir do golo que o jogo se torna como tinha sido previsto. A Eslováquia que finalmente assume a posição de favorito para o jogo, com posse de bola de qualidade e a encostar o País de Gales na sua grande área e os galeses a tentarem o contra-ataque para fazer o golo da vitória, golo que podiam ter feito no cabeceamento falhado de Ramsey.
Também à semelhança de Kozak, Coleman teve proveito das substituições que fez com um golo que resulta de uma jogada de Joe Ledley que faz combinação com Ramsey e finalização de Robson-Kanu que tem sorte no remate que bate num defesa eslovaco e engana assim outra vez Kozacik, Últimos dez minutos com a Eslováquia a ter que arriscar mais e a deixar espaços no seu próprio meio-campo que, no entanto, não foram aproveitados pelo País de Gales. Eslováquia que tem uma oportunidade de ouro através de um cabeceamento de Nemec ao poste e que logo depois sofre um contra-ataque de Bale que Ramsey desaproveita antes de ser substituído por Ashley "Jazz" Richards para defender o resultado e aguentar a pressão sufocante do ataque eslovaco.
Acabou por ser um jogo interessante de ver com uma vitória algo surpreendente para o País de Gales mas que se justifica, tanto pela qualidade do seu jogo como pela deficiência do jogo eslovaco, que só demonstrou o que se esperava desta seleção nos últimos 20 minutos do jogo, algo que foi insuficiente para ganhar o jogo e será necessário para a Eslováquia jogar mais durante os 90 minutos para ainda sonhar com a qualificação para a fase seguinte do Euro 2016. Por outro lado, o País de Gales a assegurar uma vitória impressionante e crucial na sua estreia num Euro, que poderá dar a muito necessária confiança para abordar o próximo jogo, o duelo com a rival do Reino Unido, a Inglaterra. Bale a ser um dos melhores jogadores mas a dividir esse mérito com quase todos os seus colegas já que foi uma equipa muito equilibrada e coesa. Kozacik a comprometer a Eslováquia e tem responsabilidade nos dois golos sofridos.
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