U(ma) R(ússia) S(em) S(oluções)
Ontem tivemos mais uma jornada de Euro 2016 e com ela, os últimos jogos do Grupo B. Foi um grupo que nos trouxe jogos com qualidade e intensidade como, aliás, era previsto. Um grupo bem discutido com as três primeiras posições a serem decididas na última jornada. Menos previsível foi o resultado final num grupo em que o País de Gales venceu em 1º lugar e em que a Rússia foi eliminada com apenas um ponto e dois golos marcados. A Inglaterra cedeu assim o 1º lugar do grupo ao país vizinho e a Eslováquia tornou-se o primeiro 3º classificado de um grupo a conseguir 4 pontos.O País de Gales consegue aqui um grande feito com uma apuramento em 1º lugar de um grupo, teoricamente e na prática também, muito difícil. Ao fazer 6 pontos, duas vitórias e uma derrota, iguala assim a Croácia como segunda melhor estreante na fase de grupos de um Euro, ficando apenas atrás da Suécia que em 1992 conseguiu 2 vitórias e 1 empate. E aqui, temos de admitir que a nossa previsão errou, nós que colocámos o País de Gales apenas com um ponto e a ser eliminado da fase de grupos. Não servindo de desculpas, preocupou-nos, especialmente o prolongamento da Final da Liga dos Campeões, em que Gareth Bale parecia exausto e não conseguia correr e, em alguns momentos, nem consegui manter-se de pé. Gales com esta boa performance no Grupo B veio provar ao menos duas coisas: que não é Bale-Dependente (com Ramsey, Ledley e outros a assumirem a sua responsabilidade), e que a própria estrela nacional ainda tem muito combustível no tanque (e está altamente motivado) para atacar a próxima fase desta competição, sendo nesta altura o melhor marcador isolado do Euro 2016 com 3 golos marcados. Mesmo que continue a não ser favorita para chegar às meias-finais, afirmou com muita segurança que tem ambição para tal e os seus adversários terão que ter muito cuidado com esta seleção perigosa , mesmo letal no jogo de contra-ataque e transição rápida que executam perfeitamente (ou muito perto).
A Inglaterra faz mais uma fase de grupos em que, desilude e ao mesmo tempo corresponde às expetativas. A desilusão vem sobretudo porque é uma seleção com reputação, com enorme talento e com boa capacidade tática e organizacional. Mas, nos últimos campeonatos europeus, apresenta-se sempre com futebol muito bonito, capacidade ofensiva extraordinária mas, sem conseguir os resultados que seriam produtos normais das suas exibições. Uma seleção que, neste Euro 2016, mostrou-se um pouco diferente do 4-4-2 habitual, tanto a nível do desenho tático que muda constantemente de um 4-4-2 para um 4-3-3 como dos jogadores que o selecionador escolhe para cada posição. Tanto Eric Dier e Wayne Rooney não são médios de área-a-área, sendo que o primeiro é médio defensivo e de contenção, e o Rooney é, como toda a gente o sabe, ponta-de-lança. Ou seja, à partida é impossível que joguem lado-a-lado e o selecionador não lhes pede isto. De facto, é o próprio Delle Alli, que, apresentado como segundo avançado, tem aparecido ao lado de Rooney, um pouco mais à frente para dar linhas de passe mas provocando um desenho no campo de um 4-3-3 com médio defensivo e dois médios ofensivos. A tática, no entanto, não é a razão pela qual a Inglaterra tenha falhado na finalização, até tem ajudado bastante no processo criativo ter Rooney mais atrás, ele que tem estado exímio na sua qualidade de visão, passe e cruzamento, algo que já não víamos dele há algumas épocas. Aqui, os principais culpados pela Inglaterra não ter 9 pontos neste grupo são os avançados, especialmente Sterling e Lallana que se têm exibido muito abaixo do que mostraram nos seus clubes, falhando oportunidades, aparecendo frequentemente em fora-de-jogo e a não conseguirem executar a sua capacidade de explosão e jogo vertiginoso que deles se espera. Não havendo muitas alternativas para os extremos na seleção inglesa, Roy Hodgson terá de pensar se não será melhor deixar as alas para Walker e Rose, e colocar mais jogadores no centro do campo (Dier-Rooney-Wilshere-Alli-Sturridge-Kane).
A Eslováquia tem de estar contente por ter sobrevivido neste grupo. Não só pelos quatro pontos que lhes devem garantir ser um dos melhores 3os qualificados, mas porque não têm tido exibições tão fortes como deles se esperava. Se o empate de ontem, especialmente na segunda parte do jogo com a Inglaterra, foi produto da matemática que lhes permitiria passar para a próxima fase, os dois jogos anteriores foram um pouco abaixo do que o talento e a experiência dos seus jogadores sugere, especialmente contra o País de Gales, em que houve pouca força e criatividade no meio-campo. Hrsovosky acusou um pouco a sua pouca idade e experiência num grande palco tendo tido uma exibição muito pálida numa posição crucial de trinco para quem joga com uma seleção que aposta tão forte em transições e no contra-ataque. O Selecionador leu bem e começou nos outros dois jogos com Pecovsky, que, para além de ter trazido muito mais confiança no sector defensivo Eslovaco, libertou Kucka e Hamsik para exercer as funções que estão habituados nos seus respetivos clubes, de criação, encurtar linhas e aparecer atrás do ponta-de-lança. Veremos como irá correr a fase de eliminação a esta seleção estreante (desde a separação da Checo-Eslováquia) num Campeonato Europeu, se lá chegarem (matematicamente seriam precisos muitos resultados combinados para não conseguirem passar com 4 pontos e um balanço de golos neutro, mas nunca se sabe). Outra pergunta para Vladimir Weiss será o ponta-de-lança solitário neste sistema tático de 4-3-3. Tanto Nemec como Duris ainda não têm nenhum golo marcado e, a procura de soluções neste sector é óbvia, com Weiss a colocar Ondrej Duda (médio) como jogador mais avançado no último jogo. Veremos se ele consegue resolver este dilema antes do próximo jogo que o colocará frente a frente a um dos favoritos para este Europeu, a Alemanha ou a Espanha.
Chegamos por fim à Rússia e, se existe alguma justiça poética que esta seleção tenha sido já eliminada devido às ações criminosas dos seus adeptos, aqui não gostamos de bater no ceguinho. Importa sublinhar que uma seleção que consegue apenas um ponto está já apurada para o próximo Campeonato Mundial de 2018, que a Rússia irá organizar. A razão para isso é, claramente, não desportiva mas não deixa de ser triste a proteção que este país está a ter. Independentemente, a nível futebolístico, a Rússia parece ter sofrido um pouco com a superior dimensão mediática que o seu campeonato nacional está a ter. Todos sabemos que com maior atenção internacional, os campeonatos procuram talento estrangeiro - jogadores e treinadores - o que prejudica um pouco a formação de jogadores russos. Isto é evidente, especialmente no sector defensivo, onde os irmãos Berezutski e Ignashevich têm já 34 e 36 anos respetivamente. De facto, o mais novo jogador russo é Kolovin com 20 anos tendo o resto dos convocados, 25 anos ou mais. Kolovin que junta-se a um grupo alargado de jogadores russos com talento e de quem se esperava muito para fazer a Rússia passar a fase de grupos e ir ainda mais além, tem desiludido, tanto nas suas exibições como na pouca motivação, energia e vontade que demonstraram nestes jogos. Pode-se dizer, em certa medida, que o único ponto conseguido pela Rússia, acabou por ser muito negativo para a própria seleção que poderá ter pensado que. mesmo sem jogar nada ou perto, poderiam fazer pontos e passar à fase seguinte. Para o futuro, é preciso avaliar esta prestação com calma mas a nós parece-nos que uma restruturação, não só na prórpia seleção como no campeonato russo é necessária, se razões faltassem, 17 dos convodados jogaram neste campeonato europeu e apenas 6 clubes foram representados (7 do CSKA Moscovo, 4 do Zenit, 2 do Spartak Moscovo, 2 do Krasnodar, 1 do Schalke e 1 do Lokomitv Moscovo).
1 comentários:
ahahahahaahahahah. belo título
21 de junho de 2016 às 17:24Enviar um comentário
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