Benfica-Sporting. Qual chateia mais? A minha crise ou a tua?
«Benfica e Sporting surgem no dérbi de domingo amolgados por derrotas recentes, ambas para a Liga dos Campeões, ainda que com significados diferentes. Já lá irei... Acrescento, pelo caminho, que a equipa de Rui Vitória já vinha de uma derrota, bem mais dolorosa, no Funchal, nos remodelados Barreiros - quem os viu e quem os vê, ainda que aquela vista lindíssima tenha sido roubada aos nossos horizontes -, aos pés do Marítimo, desgastando brutalmente a vantagem confortável que levava de avanço a Sporting e FC Porto. Isto é, a liderança do campeonato está em jogo e a Dona Águia só tem de se queixar de si própria.
Vamos lá aos significados, que entram pelos olhos de todos. O Benfica perdeu em casa com o Nápoles, na terça-feira, e daí até nem viria muito mal ao mundo já que se qualificou para os oitavos-de-final e fica tranquilamente a espera do sorteio e da espécie de adversário que as bolinhas da sorte lhe colocarão pela proa.
Verdade! Verdade também que a exibição frente ao quarto classificado do campeonato italiano foi assim para o bastante fraco - sejamos meigos - e a superioridade do adversário justificada no resultado. Some-se a essa noite mal passada, outra sensaboria lá contra os “Leões da Almirante Reis”, e eis um desconforto evidente espalhado por entre os adeptos menos optimistas.
Menoridades Não seria difícil prever que o Benfica dos últimos dias fatídicos seria de menos para enfrentar um Sporting que vinha de algumas exibições agradáveis e de três vitórias concludentes. Dar-se-ia ligeira vantagem aos de Alvalade? Concedamos que sim... Mas, entretanto, houve Varsóvia.
No campo dos significados, a derrota europeia dos leões foi bem mais inconveniente do que a dos seus grandes e eternos rivais. Primeiro porque diante de uma equipa de muito pequeno estatuto europeu, o Légia de Varsóvia - apesar dos seus 11 títulos de campeão polaco e 18 vitórias na Taça, nunca foi além de duas meias-finais na Europa, uma na Taça dos Campeões de 1969/70 (eliminado pelo Feyenoord), outra na Taça das Taças de 1990/91 (caindo frente ao Manchester United); segundo porque os deixou completamente fora da Europa. Se já estava, antes do jogo, fora da Europa dos Ricos (leia-se Liga dos Campeões), ficou igualmente fora da Europa dos Pobres (leia-se Liga Europa).
Direi - nem precisava dizê-lo, de tão óbvio - que Benfica e Sporting foram desiludentes nesta fase de grupos que agora chegou ao fim. Menos os encarnados? Sim... hmmm... vá lá... Pelo menos venceram de forma mais ou menos conclusiva, por duas vezes, o Dínamo de Kiev, preparado para ser o saco de pancada não fora a vitória derradeira e surpreendente sobre o Besiktas por 6-0. E, embora perdendo os dois jogos contra o Nápoles, afirmaram-se firmemente no segundo posto. Assim sendo: apuramento merecido. Acrescento, em género de nota de rodapé, que o Benfica também deu sempre a sensação de ser superior aos turcos, sofrendo empates mais consentidos do que impostos.
Sabia-se desde o primeiro momento que o Sporting tinha uma tarefa impossível. Real Madrid e Borussia de Dortmund (no fim por ordem inversa) estavam condenados a apurarem-se com maior ou menor dificuldade. E assim foi. Viveu a equipa - e o treinador, Jorge Jesus -, na sombra agradável e contínua daquela derrota em Madrid, no jogo de estreia, que soube a vitória.
Esse enlevo como que fez os leões esquecerem-se de que uma derrota é uma derrota e será sempre uma derrota, por muito que venha embrulhada, agora nataliciamente, em papel de prata com laçarotes garridos. E foram nada mais nada menos de cinco (!!!) derrotas em seis jogos, algo de muito mau até para um clube como o Sporting que andou sempre muito longe dos mais luminosos holofotes europeus.
O Légia de Varsóvia sofreu, em quatro jogos, oito golos do Real Madrid e catorze do Dortmund. Somem-lhes os dois de Alvalade. É de menos? É, sim senhores! Muito de menos! Ainda assim não foi capaz o Sporting de evitar uma derrota final e fatal num encontro no qual o empate bastaria.
Fica-se por casa. E fica-se, para já, pelo encontro de domingo, na Luz, que vai pôr em causa o comando da classificação do Campeonato Nacional. Doridos, os dois rivais de hoje e de antanho, chegam ao dérbi lambendo feridas. Mergulhados em ligeiras crises que podem ser sopradas para longe pelo vento quente de uma vitória apetecível como poucas, ei-los sopesando os estragos. Como sempre: frente a frente!»
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