A história de Lisandro López
O jogo grande da ronda 10 teve golo do argentino aos 92 minutos. Decidiu que a distância entre primeiro e segundo mantém-se em cinco pontos e que as águias, aconteça o que acontecer, serão líderes em dezembro.
Lisandro é a figura da jornada e um especialista do golo: ele que foi avançado na formação, marcou o golo de um campeonato e até concorreu ao Prémio Puskas ao lado de Messi e Neymar.
O Benfica contratou-o ao Arsenal de Sarandí em 2013. Na altura, dizia o presidente, bateu a concorrência do Bayern Munique. Quando veio, já era internacional argentino pela mão de Sergio Batista. Um sonho de miúdo.
Nascido em Villa Constitucion, uma localidade em Santa
Fé, Lisandro começou a jogar no Club Atlético Riberas del Paraná e, na
mesma cidade, passou para a Academia de Ernesto Duchini. Depois,
estreou-se como profissional pelo Chacarita Juniors.
«Foi em 2009, na última jornada da Nacional B (segundo escalão). Já tínhamos subido de divisão. Joguei o primeiro tempo na posição 4 (na Argentina, a de lateral-direito), que não era o meu lugar, e a segunda parte atuei como número 2 (central). O meu primeiro jogo na A (escalão principal), frente ao Tigre, no Torneio de Abertura em 2009, o Ruso (treinador da altura), pôs-me a jogar a três (lateral-esquerdo), que também não era o meu posto. Foi complicado, porque tens de saber quando fechar, quando abrir e quando sair a jogar. Mas tinha uma vontade tremenda. Se me dessem umas luvas, tinha ido para a baliza», in Diario del Norte
Lisandro, por essa altura, já era defesa central tal como agora. Antes, tinha jogado como atacante, na formação.
«Até aos 13 anos fui avançado. Recordo-me de uma final Riberas del Paraná-Atlético Empalme que vencemos 2-0 e marquei os dois golos. Já maior, quando passei a ser defesa, foi uma mudança grande, mas no Chacarita apontei dois golos e no Arsenal já levo 10, por isso com o Belgrano tive fé em ir à área marcar.»Em 2012, nesse jogo com o Belgrano, o Arsenal de Sarandí sagrou-se campeão com um golo de Lisandro: num canto, tal como fez no Dragão. Lisandro tinha tanta fé que até tinha preparado celebrações especiais para a família.
«Para o meu pai, Pedro, que é empregado de mesa, ia imitar o gesto de levar uma bandeja. Também ia desenhar um coração para a minha mãe. Estavam os dois na bancada, mas quando marquei esqueci-me de tudo. Só consegui gritar e abraçar os meus colegas.», El Grafico, julho de 2012
O golo no Dragão surgiu de um canto cedido por Herrera, mas, na
análise ao lance, também se percebe a passividade de Alex Telles. O
facto de não ser um titular absoluto do Benfica tenha feito, talvez, com
que o «currículo» de Lisandro passasse discreto na área contrária.
«Se tenho vantagem na área contrária por ter sido avançado? Acho que é possível. Sei procurar a bola, colocar o corpo, porque joguei na frente. No início, não me tinham muito em conta, quando fiz os meus primeiros golos. Colocavam-me um marcador qualquer. Depois, quando fiz cinco golos no campeonato passado, mandavam o melhor cabeceador marcar-me.»
Os golos trouxeram-lhe mediatismo, o Benfica trouxe-o para Portugal.
Possível substituto de Ezequiel Garay, viu o compatriota ficar mais uma
temporada na Luz. Vai daí, partiu para um empréstimo em Espanha.«Se tenho vantagem na área contrária por ter sido avançado? Acho que é possível. Sei procurar a bola, colocar o corpo, porque joguei na frente. No início, não me tinham muito em conta, quando fiz os meus primeiros golos. Colocavam-me um marcador qualquer. Depois, quando fiz cinco golos no campeonato passado, mandavam o melhor cabeceador marcar-me.»
«Recordo-me perfeitamente de como o fomos buscar ao Benfica. Vi
vários jogos dele na Argentina. Tínhamos perdido um jogador dessa
posição [Fede Fernandez, que regressara ao Nápoles, após empréstimo] e
pusemo-nos logo em contacto para ir buscar o Lisandro. Tínhamos boas
referências dele. Depois, custou-lhe um pouco a adaptar, o que é
normalíssimo», disse Luís Garcia, treinador que orientou o camisola 2 do
Benfica no Getafe, ao Maisfutebol.
Antes disso, o técnico já tinha interrompido, pois percebera a razão
do telefonema: «Digo-lhe já, não me surpreende nada que tenha marcado.
Tem um poder ofensivo muito bom para um defesa central. Comigo marcou
três ou quatro golos!»
É verdade, Lisandro continuou em Espanha aquilo que fizera na
Argentina. Nas bolas paradas, era uma tremenda ameaça, inclusive para a
equipa que dominou o futebol espanhol, e mundial, nos últimos anos.
«Fez sempre muitos golos. Via o campeonato argentino e ele marcava
com regularidade. Olhe, até me lembro de um golo ao Barcelona. Ficámos a
vencer 2-0. Depois, pronto, o Barça lá acabou por ganhar, porque é o
Barça», riu Luis Garcia, resignado com o poderio da equipa catalã em
2012/13.
No lado pessoal, o treinador espanhol
sublinhou que Lisandro López «é um rapaz espetacular, muito atento, com
muita vontade em aprender» sobre o jogo. «Chegou e depois foi sempre a
crescer», continuou.
O regresso a Lisboa aconteceu na época 2014/15, ainda que nestas 3 temporadas não se tenha afirmado como titular dos encarnados.
«Os seus treinadores é que trabalham com a equipa, por isso eles é
que sabem, agora, tem nível para jogar numa equipa como o Benfica, que é
um grande», declarou o espanhol, para concluir depois: «É um jogador
defensivo e desempenha bem o lugar, mas é muito bom no ataque. Se
jogar regularmente, garante sempre golos à equipa.»
No Benfica, em 2016/17, tem 3 golos. Todos eles importantíssimos.
Fez o 1-0 em Tondela na primeira jornada, marcou o 2-0 em Arouca numa
partida que os encarnados venceram por 2-1 e, agora, o golo do Dragão.
Na época passada, tinha marcado apenas
uma vez: em Braga. Porém, foi o 2-0 de um encontro que muitos apontam
como o início do fôlego encarnado para o título.
Lisandro leva 27 golos em oito temporadas como profissional. Marcou
um golo que valeu um campeonato, marcou ao Barcelona, marcou ao FC
Porto. E marcou um golo que chegou à gala da FIFA, nomeado para o Prémio Puskas.
«Dos meus 10 golos, 7 são de cabeça. Mas o mais bonito é aquele de
bicicleta ao Olimpo. Inesquecível. Fiz uma pirueta porque a bola
passou-me. E mais, nem sequer vi quando entrou, porque estou de costas e
a bola saiu muito forte pelo vento que fazia. Quando caí no chão, ouvi golazo!»
Golaço mesmo.
Fonte: maisfutebol.iol.pt
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