Personagem incontornável do futebol português
O Velho Capitão, como era carinhosamente tratado, foi uma personagem incontornável do futebol português, como jogador e treinador, mas sobretudo como líder e protagonista de algumas frases que marcaram a história.
Nasceu a 17 de Outubro de 1929 em Lourenço Marques (atualmente Maputo). A paixão pelo futebol manifestou-se na infância e foi na filial moçambicana do Benfica, o Desportivo de Lourenço Marques, que começou a mostrar o seu talento e a crescer o seu amor pelos encarnados. Só que, ironia do destino, foi o Sporting que o contratou em 1949 para substituir Fernando Peyroteo, o mítico goleador dos famosos 5 Violinos.
Chegou a Lisboa acompanhado por Juca - outra das grandes figuras leoninas já desaparecido - após uma viagem a bordo do barco Mouzinho de Albuquerque que durou um mês. "Naquela equipa dos Cinco Violinos até um coxo marcava golos", disse alguns anos mais tarde sobre a sua passagem pelo Sporting. Mário Wilson era avançado e fez cinco hat-tricks na primeira época de leão ao peito, mas um dia foi desafiado para jogar como defesa-central por causa da lesão de um companheiro. Nem pestanejou. Jogou, brilhou e ali ficou para sempre.
Além de jogar futebol, em Lisboa, Wilson também estudava, seguindo a recomendação do pai, que lhe dizia que o futebol era coisa passageira. Foi por querer continuar os estudos que, após duas épocas no Sporting, se mudou para Coimbra. Não foi uma transferência pacífica e obrigou até a uma cunha do ministro da educação da altura por forma a que fosse ultrapassada a rigorosa Lei de Opção a que estavam obrigados os futebolistas.
Na Académica, Mário Wilson tornou-se uma figura de proa, não só pelo que jogava, mas também pela luta que protagonizou contra o regime fascista, onde sempre exerceu uma grande influência por ser o capitão de equipa. Em Coimbra ganhou a alcunha de Velho Capitão por ter usado a braçadeira durante muitos anos. Nos últimos anos como jogador, na Briosa, acumulou o cargo de treinador adjunto do seu mestre, Cândido de Oliveira. Depois de pendurar as chuteiras, continuou no cago de adjunto de vários técnicos, o último dos quais José Maria Pedroto, com que mais tarde teve guerras que ficaram célebres. "O Pedroto era intratável. Tinha atitudes que roçavam o racismo", disse numa entrevista ao jornal A Bola.
Enquanto treinador descobriu Toni na Anadia. "Foi ele que me levou para a Académica e a partir daí nasceu um enorme respeito e uma amizade forte, que o levou a chamar-me irmão branco", contou o antigo jogador e treinador do Benfica, com a voz trémula. "Foi o meu segundo pai", acrescentou, destacando "o homem culto e um líder que vivia o futebol com uma grande intensidade". Toni recordou ainda uma das últimas conversas que teve com Mário Wilson: "Foram 30 segundos ao telefone e, sabendo que eu tinha tido um dia mau, apenas disse algo que era habitual: "Toni, Toni, Toni"... Só isso encheu-me a alma. Já sentia nessa altura que era irreversível, ele estava no fim."
Enquanto treinador foi marcante para clubes como o Belenenses, V. Guimarães e Benfica, onde reencontrou Toni, e onde se tornou o primeiro técnico português campeão nacional.
Boas memórias de Mário Wilson
Foram muitos os que privaram com Mário Wilson e que para sempre vão recordar o Velho Capitão. Um deles foi o ex-internacional brasileiro Ricardo Gomes. Com a voz emocionada, o antigo jogador do Benfica fez questão de recordar "o agregador de balneários".
"Era uma pessoa simples, de grande coração. Um símbolo do Benfica, do ser benfiquista, foi isso que me ensinaram e que depois acabei por ver. Vencemos uma Taça, contra o Sporting, e lembro-me da forma que ele uniu o grupo para conseguirmos vencer o Sporting. Fez ver-nos o que era o Benfica, o que era vencer pelo Benfica, sobretudo aos mais novos. Desde que tomou conta da equipa, depois de sair Artur Jorge [1995/1996], acabou por unir mais o grupo, era um agregador de balneários. Um homem bom e um grande treinador", salientou Ricardo Gomes ao DN.
Quem também fez questão de recordar o "amigo" Mário Wilson foi José Augusto, ex-jogador dos encarnados por Portugal. "Era um filósofo do futebol. Uma pessoa que todos amavam e que deixará uma marca no futebol português, não só no Benfica. As palavras são poucas para descrevê-lo como pessoa. Tinha um discurso muito fácil e uma paciência como poucos tinham no mundo do futebol, todos vamos sentir muito a sua falta", referiu.
Também Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, não se esquece do Velho Capitão nesta hora de dor. "Uma figura ímpar do SLB e do futebol português e uma enorme perda para toda a família benfiquista e para a lusofonia. Um ser humano com um coração tão grande nunca nos devia deixar. Razão pelo qual permanecerá sempre na nossa memória como um caso raro de entrega e paixão ao fenómeno desportivo. Pela sua humildade e disponibilidade para o próximo será sempre um exemplo", disse o presidente dos encarnados.
Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, recordou o "cavalheiro" que "alcançou o topo", Fernando Gomes, líder da FPF, destacou as "suas inegáveis qualidades humanas" e Paulo Almeida, presidente da Académica", disse que a Briosa ficou "mais frágil e pobre".
Nasceu a 17 de Outubro de 1929 em Lourenço Marques (atualmente Maputo). A paixão pelo futebol manifestou-se na infância e foi na filial moçambicana do Benfica, o Desportivo de Lourenço Marques, que começou a mostrar o seu talento e a crescer o seu amor pelos encarnados. Só que, ironia do destino, foi o Sporting que o contratou em 1949 para substituir Fernando Peyroteo, o mítico goleador dos famosos 5 Violinos.
Chegou a Lisboa acompanhado por Juca - outra das grandes figuras leoninas já desaparecido - após uma viagem a bordo do barco Mouzinho de Albuquerque que durou um mês. "Naquela equipa dos Cinco Violinos até um coxo marcava golos", disse alguns anos mais tarde sobre a sua passagem pelo Sporting. Mário Wilson era avançado e fez cinco hat-tricks na primeira época de leão ao peito, mas um dia foi desafiado para jogar como defesa-central por causa da lesão de um companheiro. Nem pestanejou. Jogou, brilhou e ali ficou para sempre.
Além de jogar futebol, em Lisboa, Wilson também estudava, seguindo a recomendação do pai, que lhe dizia que o futebol era coisa passageira. Foi por querer continuar os estudos que, após duas épocas no Sporting, se mudou para Coimbra. Não foi uma transferência pacífica e obrigou até a uma cunha do ministro da educação da altura por forma a que fosse ultrapassada a rigorosa Lei de Opção a que estavam obrigados os futebolistas.
Na Académica, Mário Wilson tornou-se uma figura de proa, não só pelo que jogava, mas também pela luta que protagonizou contra o regime fascista, onde sempre exerceu uma grande influência por ser o capitão de equipa. Em Coimbra ganhou a alcunha de Velho Capitão por ter usado a braçadeira durante muitos anos. Nos últimos anos como jogador, na Briosa, acumulou o cargo de treinador adjunto do seu mestre, Cândido de Oliveira. Depois de pendurar as chuteiras, continuou no cago de adjunto de vários técnicos, o último dos quais José Maria Pedroto, com que mais tarde teve guerras que ficaram célebres. "O Pedroto era intratável. Tinha atitudes que roçavam o racismo", disse numa entrevista ao jornal A Bola.
Enquanto treinador descobriu Toni na Anadia. "Foi ele que me levou para a Académica e a partir daí nasceu um enorme respeito e uma amizade forte, que o levou a chamar-me irmão branco", contou o antigo jogador e treinador do Benfica, com a voz trémula. "Foi o meu segundo pai", acrescentou, destacando "o homem culto e um líder que vivia o futebol com uma grande intensidade". Toni recordou ainda uma das últimas conversas que teve com Mário Wilson: "Foram 30 segundos ao telefone e, sabendo que eu tinha tido um dia mau, apenas disse algo que era habitual: "Toni, Toni, Toni"... Só isso encheu-me a alma. Já sentia nessa altura que era irreversível, ele estava no fim."
Enquanto treinador foi marcante para clubes como o Belenenses, V. Guimarães e Benfica, onde reencontrou Toni, e onde se tornou o primeiro técnico português campeão nacional.
Boas memórias de Mário Wilson
Foram muitos os que privaram com Mário Wilson e que para sempre vão recordar o Velho Capitão. Um deles foi o ex-internacional brasileiro Ricardo Gomes. Com a voz emocionada, o antigo jogador do Benfica fez questão de recordar "o agregador de balneários".
"Era uma pessoa simples, de grande coração. Um símbolo do Benfica, do ser benfiquista, foi isso que me ensinaram e que depois acabei por ver. Vencemos uma Taça, contra o Sporting, e lembro-me da forma que ele uniu o grupo para conseguirmos vencer o Sporting. Fez ver-nos o que era o Benfica, o que era vencer pelo Benfica, sobretudo aos mais novos. Desde que tomou conta da equipa, depois de sair Artur Jorge [1995/1996], acabou por unir mais o grupo, era um agregador de balneários. Um homem bom e um grande treinador", salientou Ricardo Gomes ao DN.
Quem também fez questão de recordar o "amigo" Mário Wilson foi José Augusto, ex-jogador dos encarnados por Portugal. "Era um filósofo do futebol. Uma pessoa que todos amavam e que deixará uma marca no futebol português, não só no Benfica. As palavras são poucas para descrevê-lo como pessoa. Tinha um discurso muito fácil e uma paciência como poucos tinham no mundo do futebol, todos vamos sentir muito a sua falta", referiu.
Também Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, não se esquece do Velho Capitão nesta hora de dor. "Uma figura ímpar do SLB e do futebol português e uma enorme perda para toda a família benfiquista e para a lusofonia. Um ser humano com um coração tão grande nunca nos devia deixar. Razão pelo qual permanecerá sempre na nossa memória como um caso raro de entrega e paixão ao fenómeno desportivo. Pela sua humildade e disponibilidade para o próximo será sempre um exemplo", disse o presidente dos encarnados.
Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, recordou o "cavalheiro" que "alcançou o topo", Fernando Gomes, líder da FPF, destacou as "suas inegáveis qualidades humanas" e Paulo Almeida, presidente da Académica", disse que a Briosa ficou "mais frágil e pobre".
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