Eusébio: o 1º estrangeiro no Maracanã
Para recordar o nosso rei tem de se tentar encontrar todas aquelas pequenas histórias que fizeram o grande mito. Histórias da sua simplicidade, do reconhecimento mundial e da sua qualidade como desportista. É isso que vou tentar nos prózimos tempos. Deixo este artigo da Gazeta Desportiva, um jornal brasileiro, publicado na manhã do falecimento do King.
"Maior jogador da história do futebol português, Eusébio faleceu na
madrugada deste domingo, em Lisboa, vítima de uma paragem
cardiorrespiratória. Porém, as marcas de seus pés, que
tantas alegrias deram aos fãs de futebol dos anos 60 e 70, foram
imortalizadas no estádio mais tradicional do planeta: o Maracanã. O
Pantera Negra, carrasco brasileiro no Mundial de 1966, foi o 1º estrangeiro a ter as suas pegadas eternizadas na calçada da
fama do estádio brasileiro.
A cerimónia aconteceu em 2004, um dos muitos anos em que Eusébio visitou
o Brasil. Antes dele, somente jogadores brasileiros haviam sido
homenageados na calçada da fama. Até hoje, além do português, apenas 5 futebolistas foram congratulados com tal
honra: o chileno Elias Figueroa, o paraguaio Romerito, o alemão Franz
Beckenbauer, o sérvio Dejan Petkovic e o uruguaio Ghiggia.
No momento da homenagem, Eusébio ergueu uma bandeira brasileira e, ao
verificar que a marca de seus pés ficariam ao lado das de Pelé,
emocionou-se. “Estou muito satisfeito com essa homenagem, porque está
sendo feita fora do meu país e no Maracanã. É um dos melhores estádios
do mundo e o único que eu joguei diante de 190 mil pessoas. Sinto-me
orgulhoso de ter jogado aqui, no templo do futebol”, disse, instantes de
deixar a marca de seus pés no estádio.
Para que um jogador seja imortalizado na calçada da fama do Maracanã, é
necessário, além do sucesso futebolístico, ter alguma história
relacionada ao estádio carioca. E Eusébio teve algumas. A principal
aconteceu em 1962, com o Benfica, quando ele ainda tinha 19 anos. O
Pantera Negra enfrentou o Santos de Pelé na final das Taças
Intercontinentais, competição que confrontava o melhor time da Europa e
da América do Sul.
O jogo terminou com placar de 3-2 para o Peixe, com dois de Pelé e
um de Coutinho, e Eusébio não balançou as redes. No jogo da volta, em
Lisboa, novo triunfo do Santos, desta vez por 5-2, mas o Pantera Negra
deixou a sua marca no fim. Nada que o tenha desmotivado para
reencontrar o Rei quatro anos depois, em 1966, na primeira fase da Copa
do Mundo da Inglaterra. Eusébio anotou dois gols, liderou Portugal a uma
contundente vitória por 3 a 1 em Liverpool e eliminou a até então
Seleção bicampeã mundial consecutiva.
São histórias de um craque
que, por muitos anos, foi considerado o maior jogador de futebol de
todos os tempos depois de Pelé. Um atleta capaz de levar um país com até
então pouca tradição no futebol, Portugal, à terceira colocação de uma
Copa do Mundo (em 1966). Um jogador que anotou 727 gols em 715 partidas
durante as 15 temporadas em que permaneceu no Benfica. Que conquistou 11
Campeonatos Portugueses, cinco Taças de Portugal e uma Liga dos
Campeões da Europa. Que deixará saudades, mas que teve os seus pés
imortalizados no Maracanã."
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